
O vazamento de óleo que atingiu praias em Cabo Frio e Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, no domingo e na segunda, é alvo de um procedimento administrativo instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF), que pretende apurar as causas do acidente. A investigação deve analisar também o dano ambiental provocado na região e as medidas necessárias para a sua recomposição.
O procurador da República Thiago Simão Miller, que atua em São Pedro da Aldeia, cobrou esclarecimentos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (Resexmar/AC), da Companhia Municipal de Administração Portuária (Comap), da Capitania dos Portos (Cabo Frio) e do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM). Ele solicitou explicações sobre as providências para conter o vazamento, a origem do óleo e os navios e plataformas fundeados ou que transitaram pela região nos últimos 15 dias.
- Ainda é cedo para apontarmos a responsabilidade de quem quer que seja. Neste primeiro momento a maior preocupação é descobrirmos a origem do vazamento, até mesmo para termos certeza de seu estancamento – disse, em nota, o procurador.
O MPF também pediu informações sobre o prazo de conclusão da análise de amostras colhidas nas praias pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM).
Na manhã desta terça-feira, garis da prefeitura e ambientalistas não encontraram manchas de óleo na Praia do Forte e no restante da orla de Cabo Frio, na Região dos Lagos. O ambientalista Ernesto Galiotto, que percorreu as praias, lamentou a demora na análise para descobrir a origem do óleo que polui as praias da Região dos Lagos:
- A Petrobras e a Transpetro têm equipamentos, inclusive espectrômetros, que podem definir em 24 horas o DNA do óleo que chegou às praias. O aparelho define a composição exata e a procedência do navio que provocou o vazamento. Ao que tudo indica, o óleo que chegou nas nossas praias não é importado, mas produzido aqui devido à sua composição – comentou o ambientalista.
Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), , o óleo que atingiu as praias da Região dos Lagos neste fim de semana é proveniente da limpeza mal executada em tanques de navios. Uma equipe técnica do Inea constatou nesta segunda-feira a ocorrência de pelotas de óleo pesado, em forma de borra, nas praias das Dunas e do Forte, em Cabo Frio, e Prainha, Pontal e do Foguete, em Arraial do Cabo, durante sobrevoo sobre a região costeira do Estado, entre os municípios de Saquarema e de Búzios.
Já o capitão de mar e guerra Walter Bombada, capitão dos Portos do Rio, também afirmou ter indícios de que o óleo vazou de algum navio, que passou pela área nos últimos quatro dias. De acordo com o oficial, foram encontradas manchas de no máximo três metros, além de piche, o que reforçaria a tese do capitão. A Marinha constatou ainda que a grande mancha que apareceu no mar era formada por algas. O capitão acrescentou que a morte de pinguins, nas praias atingidas pelo vazamento de óleo, não tem relação com acidente.
Técnicos do Instituto Almirante Paulo Moreira, órgão de pesquisas da Marinha situado em Arraial do Cabo, recolheram o material e encaminharam para análise. O resultado, que pode identificar a origem do vazamento, deve ser divulgado em 20 dias. O Inea foi comunicado do surgimento da mancha de óleo pela Capitania dos Portos.
Segundo os agentes do Serviço de Operações de Emergência do Inea, pela forma altamente esparsa da mancha, uma vez que a maior quantidade de óleo está espalhada nas areias das praias, não houve necessidade de colocação de boias de contenção, usadas para evitar que vazamentos atinjam outras regiões.
Fonte: oglobo.globo.com
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